sexta-feira, 31 de março de 2017

Pessimismo e pensamentos suicidas de Tolstói em obra traduzida por Rubens Figueiredo


Uma Confissão, lançamento da Editora Mundo Cristão, registra a intensa crise de fé de Liev Tolstói quando, em 1879, se questiona sobre o sentido da vida e é confrontado com sentimentos suicidas. A narrativa dessa crise e a busca por respostas são apresentadas, de maneira autêntica e não menos comovente, em tradução exemplar do prestigiado romancista Rubens Figueiredo, duas vezes ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura.

O escritor, a essa altura, já havia lançado Guerra e Paz e Anna Kariênina, considerados como dois dos maiores clássicos da literatura mundial. Também em 1879 era um dos escritores mais admirados da Rússia e com reputação já espalhada por outros países.

Em busca de alguma resposta para o sentido da vida, Uma Confissão se detém na questão da fé: como ela se forma, como ela se perde, de onde ela vem. Prevista para ser publicada na revista Pensamento Russo em 1882, a obra foi barrada pela censura por entrar em choque com os dogmas, preceitos e costumes da Igreja Ortodoxa greco-russa, assim como de outras igrejas.

Com inspiração na obra de confissões de Jean-Jacques Rousseau, o livro de Tolstói é um depoimento pessoal, sem a mediação de personagens de ficção. O autor relata sua experiência de maneira direta, dia a dia, passo a passo, observando a transformação de seus sentimentos e pensamentos mais íntimos, ao mesmo tempo que examina, com olhar crítico, tudo que se passa à sua volta.

"Parei de crer no que tinham me transmitido desde a infância, mas acreditava em algo. No que eu acreditava, não seria absolutamente capaz de dizer. Acreditava em Deus, ou melhor, não negava Deus, mas que Deus, eu não seria capaz de dizer; também não negava Cristo e seu ensinamento, mas em que consistia esse ensinamento, também não seria capaz de dizer".

Na busca por respostas às questões mais centrais da existência, Liev Tostói redescobre a fé e experimenta um despertar espiritual. Fugindo da dogmática ortodoxa e da rigidez legalista, o aclamado autor percebe a grandeza da fé na vida de pessoas simples. Seu registro apresentado em Uma Confissão fornece valiosos insights sobre a experiência humana da dúvida, do desespero e da falta de fé.

"Que na doutrina existe verdade, disso eu não tinha dúvida; mas também não tinha dúvida de que nela existe mentira, e eu tenho de encontrar a verdade e a mentira, para então separar uma da outra. Foi isso que tentei fazer".

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